O "train spotting" já foi um desporto levado a sério... Hoje é encarado como um passatempo.
Aproveite a greve da CP e faça uma viagem ao passado, veja passar os comboios que não vão para o seu sítio.
João Miranda, provavelmente o mais influente blogger português e como sempre em grande forma, mostra que o famoso teste do Professor Paulo Otero é, de facto, interessante do ponto de vista académico. Deixo-vos um comentário feito n'O Insurgente, que ilustra bem isto:
"Curioso. Ainda não li nenhum argumento constitucional contra o casamento entre animais. Usar argumentos como “um contrato de casamento tem que envolver exclusividade” ou “animais não podem celebrar contratos”. Nenhum desses princípios está na constituição, ou se estão estão lá de forma muito subtil e o caso requer muito mais argumentação e elaboração. Por outro lado, o exame pede argumentos contra e a favor, o que exige a quem lhe quiser responder um pouco mais de ginástica intelectual.
Aliás, há várias linhas de raciocínio interessantes. Por exemplo:
1. Casamento entre animais é constitucional porque a constituição não define casamento podendo este ser um conceito aberto (foi este o argumento usado pelo TC a propósito do casamento gay). Isto implica que, do ponto de vista constitucional, o casamento pode ser o que se quiser (porquê prescindir dos sexos opostos e não prescindir da exclusividade ou mesmo da racionalidade dos esposos?). Note-se que o facto de ser constitucional não implica sequer que seja uma ideia juridicamente consistente. Apenas implica que não há nada na constituição que o proíba.
2. Casamento entre animais é inconstitucional porque existem limites para aquilo que um casamento pode ser, e em qualquer caso o casamento implica a racionalidade dos agentes.
3. Casamento entre animais é inconstitucional porque está implícito na constituição que determinadas instituições são exclusivas dos cidadãos e que nenhum cidadão pode ser um ser irracional. Esta linha coloca dois problemas subsequentes: (i) e se aparecerem dois animais racionais, já podem casar? (ii) Quer isso dizer que os animais não têm direitos?
4. Casamento entre animais é inconstitucional porque viola os pressupostos éticos da sociedade (que implicam que determinadas instituições devem ser respeitadas e dignificadas).
5. Casamento entre animais é constitucional porque, embora os animais não tenham racionalidade, são ainda assim seres sensíveis (no sentido em que podem sofrer), podendo o casamento em determinados casos minorar esse sofrimento. A ideia desta linha de argumentação é estender os direitos humanos de forma gradual aos animais a lá Peter Singer. Identificar situações concretas em que o casamento pudesse minorar o sofrimento de animais é difícil, mas a piada do exercício é mesmo essa.
Qualquer destas linhas de argumentação é possível e permite, com algum trabalho e conhecimento dos princípios constitucionais, uma resposta razoavelmente interessante e aprofundada às perguntas colocadas. Parece-me ainda evidente que qualquer aluno de direito constitucional deve ser capaz de discutir estes problemas, isto é, deve ser capaz de explorar formas de adaptar princípios constitucionais a situações limite. As perguntas colocadas colocam o aluno perante os fundamentos dos fundamentos do direito constitucional (sobretudo os pressupostos não escritos: (i) cidadão é qualquer ser racional; (ii) na base de qualquer constituição está a ética da sociedade a que ela se deve aplicar) e por isso o exame é excelente.
Note-se que num exame desde tipo interessa muito pouco saber quem tem a resposta certa. Interessa muito mais saber quem é capaz de argumentar a favor de cada uma das teses."
Mantenho a minha posição. Provocatório? Sim. Descabido? Acho que se acaba de mostrar que não. E não pensem que estou a defender o professor em causa, porque penso que é de longe o mais odiável (e odiado?) da nossa FDL.
Como aluno da FDL, tomo a liberdade de comentar o Paulo Otero-gate. E acho que está a ser demasiado sobrevalorizado. Deixo um comentário que fiz em alguns blogues:
Este teste é igual. Parece um insulto, mas é apenas uma hipótese académica. E provavelmente o teste mais simples que já vi do Prof. Paulo Otero, aquele que acha que "os preservativos são obra do Diabo"."
Chegou-me hoje aos ouvidos que o vulcão islandês (eu até escrevia o nome, mas tinha de procurar e dá trabalho) que toda a Europa anda a acusar, não tem verdadeiramente a culpa pela nuvem que se formou e tantos problemas causa.
... que estes três vão estar no mesmo campo à mesma hora. 2 contra 1 parece desleal, mas o baixinho é o melhor do Mundo. Quem prevalece?
Continue Reading
Sócrates anda, como sempre, envolvido em polémica. Desta vez, são as casas na Guarda. Ora, com o país a ver os mamarrachos que Sócrates terá projectado, quem sai mal a fotografia é a própria cidade da Guarda. Eu, como muitos outros naturais da Guarda, sentimo-nos ofendidos pela imagem passada, e daí surgiu um grupo no Facebook: Se, como eu, é da Guarda e não tem uma casa projectada pelo engenheiro José Sócrates, adira já. Vamos defender a honra da nossa bonita cidade!
Imagem retirada do site do jornal Record.
Passagem no jogo foi quase tão rápida quanto a passagem pela Rússia.
Continue Reading
"A mudança radical que ocorreu no PSD há uma semana tem passado despercebida. Pela primeira vez na sua história, o partido social-democrata elegeu um líder não católico que defende, por exemplo, a adopção por casais homossexuais - uma ideia que o governo Sócrates vetou por recear uma espécie de alarme social. Pedro Passos Coelho já tinha sido favorável à despenalização do aborto, admitiu a liberalização das drogas e atacou o Presidente da República por causa do veto à lei do divórcio de Sócrates. Também para Passos Coelho, a idealizada família tradicional não é um dogma - existem várias famílias."
Regressado de umas mini férias em Roma e Malta devo pedir desculpa pela ausência sem aviso prévio e pela falta de imaginação que tem andado por estes lados.
Vou deixar-vos o link para a primeira notícia que ouvi na telefonia portuguesa, logo quando entrei no carro. Cliquem aqui.
Podem ver os números e outra informação fornecida pela Amnistia Internacional, sobre a pena de morte no mundo.